Homem lendo, sentado a frente de uma pilha de livros.

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Independentemente do tamanho da empresa, adotar boas práticas de governança deve fazer parte desde o início, ajudando até mesmo em uma futura diligência

 

Um dos pilares da sigla ESG tão badalada atualmente no mundo corporativo, a governança pode ser definida como códigos e condutas que fundamentam o relacionamento ético, respeitoso e eficiente entre todos os atores envolvidos. No caso: sócios, acionistas, diretores, colaboradores, fornecedores, parceiros, órgãos governamentais, entre outros.

Manter essas boas práticas, portanto, beneficia a empresa em diferentes frentes, tanto no relacionamento com o público interno quanto com o externo.

Para as empresas que desejam crescer de forma sólida e responsável, seguir esse rumo se torna obrigatório.

Muito mais do que construir a boa imagem, a governança atua como um farol para o mercado. Quando bem tralhada, consegue atrair os investidores como “abelha no mel”, servindo como atratividade para quem está em busca de oportunidades. Por outro lado, quando ineficiente, ilumina os problemas e afasta possíveis interessados.

Por isso a governança rompeu as barreiras das grandes corporações e, atualmente, pode e deve ser colocada em prática por todas as empresas. Aliás, startups que sonham com o estrelado precisam desde já manter essas boas práticas, levadas em consideração na análise técnica de uma due diligence, por exemplo.

Para auxiliá-los nessa missão, contamos com a ajuda de quem realmente conhece sobre o assunto. No caso, Roberto Gonzalez, Conselheiro desde 2019 da MCM Corporate, autor de livro e especialista no tema, atuando desde 1990 com governança e sustentabilidade.

Preparado para conhecer os detalhes? Então, boa leitura.

Qual a importância da governança para as empresas?

Como diz o ditado: o importante é dar o primeiro passo. No mundo dos negócios, claro que a iniciativa tem grande relevância. Afinal, é preciso tirar a ideia do papel e colocá-la em prática.

Com o tempo e o crescimento natural, porém, é necessário seguir um processo evolutivo, aprimorando a gestão da companhia. Dessa forma, é chegado o momento de investir na adoção de práticas de governança. Isso serve tanto para as grandes quanto para as médias e pequenas empresas.

Para facilitar o entendimento, Gonzales traz um exemplo concreto. Uma empresa que antes da pandemia faturava em torno de R$ 2,5 milhões por ano adotou durante o período regras de governança. Com isso, conseguiu elevar o faturamento para R$ 9 milhões anuais.

“A governança ajudou a acelerar a organização financeira. Com isso, foi possível a diminuição de endividamento. Assim como contribuiu para a gestão de estoque e a organização da operação da empresa”, destaca.

De acordo com o especialista, as empresas precisam entender a importância de investir e governança. Com isso, a construção da estrutura, da organização e, até mesmo, do conselho consultivo se transformará em retorno em um futuro próximo. “Esse é um investimento que se paga ao longo do tempo”.

Pontos positivos

Para aqueles que ainda relutam em entender a importância em investir desde o início em práticas de governança, é importante entender o valor da construção de uma visão estratégica.

Afinal, para os empresários que almejam alcançar outros patamares, torna-se necessário ter tempo para planejar e organizar o futuro da companhia. Esse comportamento exige, até mesmo, organização para conseguir tempo para fugir das armadinhas da rotina operacional. Afinal, é preciso planejar para crescer.

Gonzales explica que pensar no futuro da organização ajuda, até mesmo, a passar por cenários de crise e risco. Com a adoção de práticas de governança, portanto, os sócios conseguem tomar decisões mais assertivas.

Nesse contexto, ele destaca o valor de um conselho consultivo. Mas, claro, sem esquecer a importância dos sócios manterem uma postura proativa. E isso esbarra na montagem de uma agenda prévia, municiando os envolvidos nesse processo com material relevante.

“É preciso saber que essa agenda não é operacional. Na reunião, presto contas e o restante é discutir o futuro. Assim como utilizar o network (dos conselheiros) a favor da organização”.

Evolução conquistada com o tempo

Adotar as melhores práticas de governança desde o início é positivo. Entretanto, é preciso entender que tudo faz parte de um processo evolutivo. Então, mais uma vez surge a palavra estratégia como um dos pilares para a conquista dos objetivos traçados.

Portanto, é preciso entender que as boas práticas de governança fazem parte e contribuem muito, mas não são a essência do processo. Na linha dos ditados, vale reconhecer a importância da jornada, ao invés de valorizar apenas o ponto final do caminho.

Nesse processo evolutivo, porém, o empresário precisa antecipar ou ao menos dar o passo adiante quando o momento exigir.

Normas e regras são importantes agora? Então compliance! Mapear riscos faz sentido agora? Então inicie estabelecendo alguns iniciais e crie uma rotina de monitoramento. Surgiu a necessidade de ter maior controle? Chegou o momento da auditoria interna! “Você vai crescendo em governança, compliance, auditoria e controles internos”.

Alerta para uma boa governança

Nesse ponto, muitos já entenderam o valor de adotar boas práticas governança para o crescimento de uma empresa. Entretanto, é preciso ter muito cuidado aqui.

Calma, não estamos recomendando adiar esse processo. Muito pelo contrário. É preciso começar já a adotar práticas já. O alerta, porém, é não saber utilizar as ferramentas que a governança traz.

Quer entender o que isso significa na prática? Então Gonzales traz um exemplo para ilustrar esse ponto.

Aqui, ele recorda de um grande banco nacional que fazia parte de um grupo empresarial. Essa instituição financeira foi a primeira do grupo a ser listada em bolsa e a adotar práticas de governança. “Só que elas ficaram apenas no papel e não na prática. Por exemplo, foi instituído um comitê de auditoria, só que não fizeram reuniões em dois anos”.

Portanto, o especialista destaca a importância de realmente incorporar as práticas de governança, com a validação dos gestores. “Porque se a alta administração validar, todos da empresa trabalham em pró dessa agenda”.

Dessa forma, não adianta apenas mostrar ao mercado que a empresa tem no papel práticas de governança estabelecidas. É preciso agir, colocando as ações em funcionamento.

Governança, conselho e o momento ideal

Certamente já foi possível compreender que o conselho exerce um papel-chave para a governança de uma companhia. Mas os pequenos e médios aqui podem questionar: isso não é apenas para as grandes corporações?

E a resposta é: não! Contar com um conselho consultivo para a adoção das boas práticas de governança é um trunfo valioso para as médias e pequenas empresas que buscam se estruturar corretamente para crescer.

Com grande experiência, esse profissional contribui tanto com as decisões estratégicas para o presente e o futuro quanto com o network.

Nesse ponto da conversa, uma máxima proliferada por alguns precisa ser questionada. Sim, adotar o conselho já com uma política estruturada é uma prática positiva. Entretanto, não é obrigatória.

Para facilitar o melhor entendimento desse argumento, Gonzales faz a seguinte analogia: Imagine uma carruagem. Ao colocar os cavalos na frente, ela andará muito mais rápido.

Ao utilizá-los atrás, porém, eles vão conseguir empurrar com a cabeça o veículo. Claro que a carruagem andará mais lentamente dessa forma, mas andará. E aqui voltamos ao ponto inicial do texto: é importante dar o primeiro passo. “Com tudo panejado e estruturado, vai mais rápido, claro. De outra forma, porém, o conselho funcionará como um impulsionar das boas práticas, da adoção dessa agenda dentro da empresa”.

Relação da governança e da diligência

Com tudo que foi apresentado até o momento, chegou a hora de entender a relação entre a governança e a diligência. Por se tratar de um processo técnico que promove uma análise minuciosa da empresa, a due diligence se transforma em um termômetro valioso para indicar se a companhia realmente adota boas práticas.

Portanto, a diligência pode ser considerada como crivo para identificar se vale ou não investir em uma determinada companhia.

“Se eu sou um investidor, faço questão absoluta de conhecer toda a governança da organização. E a due diligence vai me dar informes se realmente o processo de tomada de decisão tem a governança instituída”.

Aqui, Gonzalez novamente destaca a importância do planejamento estratégico, com o debate constante sobre os próximos passos para a evolução da companhia.

“Esse, aliás, é um problema sério de muitas startups, que discutem muito a operação, mas não planejam o futuro. Muitas costumam discutir o futuro antes de começar a startup. Depois que começam a operar, esquecem de dar sequência a essa prática”.

Como parte das boas práticas de governança, os planos e projeções para o futuro da empresa são minuciosamente avaliados durante uma diligence, que funciona como uma ressonância magnética de uma companhia, identificando com rigor todos os pontos positivos e, também, negativos.

“Um investidor que não faz uso de due diligence para conhecer seriamente a governança da investida está incorrendo em um grave erro. E, consequentemente, está se expondo ao grande risco do seu investimento virar pó”.

Portanto, é possível concluir que, independentemente do tamanho, toda empresa precisa entender desde o início o valor de se adotar boas práticas de governança.

Como apresentado de forma detalhada pelo especialista, esse investimento certamente produzirá frutos valiosos para o futuro de uma companhia, que posteriormente trará informações favoráveis em uma due diligence para os futuros investidores.

Esperamos que esse texto consiga contribuir para o desenvolvimento da sua empresa. Para aprender ainda mais, siga navegando no conteúdo disponível em nosso blog.

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